Fonte: Automotive Business
Enquanto o mercado de caminhões vive um dos seus piores
momentos no Brasil, a DAF comemora – e não é só por causa do
aniversário de 3 anos da fábrica de Ponta Grossa (PR) completos neste
mês (leia aqui). A marca que pertence ao Grupo Paccar é a única no
País a registrar aumento das vendas no segmento de comerciais pesados: de
janeiro a setembro deste ano, os emplacamentos somaram 492 unidades, 57% a mais
do que o volume de iguais meses de 2015. Além disso, a empresa vem anotando
crescimento gradual de sua participação de mercado, que hoje está em 4%.
“Depois de investir mais de R$ 1 bilhão de recursos próprios em nossa fábrica
de Ponta Grossa, que desde sua inauguração, em outubro de 2013, já produziu
mais de 1,4 mil caminhões, estamos colhendo os frutos. É fato que quando
decidimos entrar do mercado brasileiro, em 2010, o cenário de então apontava
para um volume de no mínimo 170 mil unidades por ano. Nos ajustamos ao mercado
atual e estamos muito contentes com este crescimento”, afirmou Michael Kuester,
presidente da DAF Caminhões no Brasil.
Além de comemorar os resultados, o executivo anuncia boas novas da marca para o
País: “Estamos aumentando share e o objetivo é aumentar cada vez mais com os
caminhões que lançaremos em breve: a linha 2017 contará com novidades, como o
nosso modelo off-road que será apresentado na Fenatran do próximo ano”, revela
Kuester. “Também está nos planos trazer o CF versão rígida, mas dependerá da
rapidez de retomada do mercado”, aponta.
O diretor de desenvolvimento de produto da DAF no Brasil, Ricardo Coelho, que
foi o primeiro engenheiro contratado pela empresa no País, explica que o novo
caminhão off-road está sendo projetado com base no que já há no XF105 e CF85,
os dois caminhões produzidos pela DAF no Brasil. A equipe de 25 engenheiros de
Ponta Grossa conta com total suporte do time de desenvolvimento da DAF na
Holanda, hoje formada por 900 profissionais. “O que posso adiantar é que o
modelo terá como principal característica a robustez, que já está no DNA dos
produtos DAF. Os veículos estão em teste, são modelos com redução no cubo e
diferentes potências”. Segundo ele, a empresa está investindo R$ 14 milhões
apenas na área de engenharia do produto, sem contar pequenos ajustes na fábrica
e na divulgação do modelo.
As equipes interagem por meio de intercâmbios para trocar experiências e
entender a necessidade das aplicações. “No caso dos produtos para o Brasil, 85%
dos testes são realizados aqui mesmo, porque os caminhões precisam estar
adaptados à realidade das estradas brasileiras”, afirma. “Além do lançamento na
Fenatran 2017, também teremos mais novidades em 2018 e 2019, projetos futuros
que já estamos trabalhando”, confirma.
Outra novidade é o início das análises para mercados de exportação. Segundo
Kuester, as miras iniciais serão Chile e Peru: “Estamos estudando para dar
volume à nossa fábrica. Por enquanto, os produtos feitos aqui não são adequados
para estes mercados, então nossa equipe está viajando para estes países e
fazendo estudos a fim de entender e avançar com as necessidades locais.
Acredito que em seis meses teremos mais novidades a este respeito, mas o foco
ainda é o Brasil”.
Em um momento como o do mercado brasileiro retraído, as exportações se tornam
uma alternativa necessária: com capacidade para montar 10 caminhões por turno –
ou 10 mil por ano, a produção atual da DAF no País está em 3 caminhões por dia.
A partir do dia 31 deste mês, a fábrica de Ponta Grossa passa a montar 4
caminhões diariamente. A unidade conta com 250 funcionários.
Kuester acrescenta ainda que o desenvolvimento de fornecedores também está no
escopo da DAF para 2017. “Não é por acaso que nos instalamos numa região entre
São Paulo e Curitiba – é estratégico e ao mesmo tempo facilita muito estar mais
perto de nossos parceiros. Hoje contamos com 60 empresas de atuação nacional e
em 2017 serão mais 24. Localizar é uma necessidade: não podemos nos expor à
volatilidade do câmbio”, afirma.
O presidente lembra ainda que tanto o XF105 quanto o CF85 contam com mais de
65% de nacionalização, índice que garante sua participação na linha de
financiamento Finame, do BNDES. O nível deve subir ainda mais com a produção
local de motores que começou no fim de 2015 e para a qual a empresa destinou R$
60 milhões (leia aqui).
EVOLUÇÃO DA MARCA
“Estou extremamente orgulhoso por ser de uma companhia com a qualidade e o
potencial que a DAF tem”, explana Luis Gambim, diretor comercial que chegou na
companhia pouco tempo depois de a empresa se instalar no País. Ele reforça que
apesar de ser uma marca nova por aqui, sua posição atual a coloca acima de
outras duas já consolidadas no mercado. Seus dados mostram crescimento médio de
60% nos dois últimos anos a partir da consolidação dos modelos XF105 e CF85.
“Estamos em curva ascendente e a tendência é crescer ainda mais – devemos
encerrar este ano com 5% de market share; em 2017, o plano visa 7,5%, mas nossa
meta como marca é chegar aos 10% do mercado. Este aumento é importante, porque
dá visibilidade à marca”, afirma.
Para sustentar os planos de ascender em um mercado em trevas, a DAF baseia sua
estratégia não só no aumento de portfólio, mas também com foco especial em sua
rede de distribuição. Segundo Gambim, as 22 concessionárias da marca, incluindo
a que será inaugurada neste mês no Rio Grande do Sul, pertencem a 14 grupos
empresariais e cobrem 80% do território nacional. “A rede passará para 29
revendas em 2017 com a entrada de mais dois grupos de investidores, o que
aumentará para 94% nossa área de cobertura no Brasil, sem contar os postos de
serviços autorizados, que passarão de cinco para sete também no ano que vem.”
A empresa também pretende ganhar novos clientes a partir de sua atuação própria
na unidade DAF Guarulhos, revenda responsável pela região da Grande São Paulo e
Baixada Santista (leia aqui). “Esta unidade também vai fazer aumentar
gradativamente nosso share nesta região que é tão importante.”
“Ganhamos a fama do ‘caminhão que não quebra’, o que mostra a qualidade e a
seriedade da marca em oferecer o melhor produto. Até hoje, o primeiro caminhão
que vendemos no País - um XF150 adquirido pela Transportes Begnini - nunca
perdeu uma hora de trabalho: estamos falando de um caminhão com mais de 500 mil
quilômetros rodados”, conta. “Também está nos planos para o futuro um programa
de recompra pela fábrica.”
FOCO NO PÓS-VENDA
A divisão de autopeças Paccar Parts também acompanha a evolução da DAF no
Brasil com um plano de expansão para a TRP, marca de autopeças com atuação
global para o atendimento de veículos comerciais. Diferente das peças genuínas
dos caminhões DAF, fornecidos pela própria montadora e cujo centro de
distribuição está instalado dentro da fábrica de Ponta Grossa, a TRP atende
apenas caminhões de outras marcas.
Sua linha composta atualmente com 26 linhas de produtos passa a contar com dois
novos tipos de itens: correias e tensionadores, frutos da parceria com a
Continental e Dayco. Com os novos produtos, agora são mais de 600 itens
disponíveis para o mercado de reposição.
A linha TRP é disponível apenas na rede de concessionárias DAF: “O objetivo da
TRP é criar uma parada única de manutenção onde o transportador encontre tudo o
que precisa para seu veículo”, afirma o diretor da Paccar Parts no Brasil,
Carlos Tavares. Segundo o executivo, a linha de produtos fornece peça para mais
de 90% da frota circulante no Brasil.
“É um elemento que agrega valor para a concessionária e mais uma oportunidade
de negócio para as revendas da DAF como apoio à fidelização. É uma linha que
vem somar: são mais de 25 anos de atuação e foi da Europa para a América do
Norte como um caminho natural de expansão. É uma experiência positiva,
inclusive nas lojas independentes que funcionam nestes mercados”.
De acordo com Tavares, 70% do portfólio é de fornecedores locais instalados no
Brasil, sendo as demais com origem europeia. Sobre oferecer a linha para
caminhões DAF, o executivo explica que por se tratar de um produto novo, ainda
há um volume considerável de veículos dentro do período de garantia, cujas
peças são fornecidas pela Paccar Parts a partir de seu centro de distribuição
de Ponta Grossa.
“Mas estamos estudando essa inclusão de caminhões da marca, acredito que mais
para o fim do próximo ano.”